Na sequência do debate em curso, no âmbito do desenvolvimento dos desportos de ondas, a Associação de Surf da Figueira da Foz torna público o seu posicionamento relativamente aos seguintes pontos:
1. Infra-estruturas principais
As infra-estruturas principais de suporte à modalidade são as ondas, pelo que estas são o bem mais precioso a proteger, sendo extensiva esta preocupação ao mar em geral e à orla costeira em particular.
Neste âmbito, e porque as ondas da Figueira da Foz dependem das dinâmicas das areia no fundo do mar, defendemos a criação de um observatório para monitorizar e acompanhar as transformações para precaver e antecipar medidas correctivas, por forma a não perigar o bem mais importante para o desenvolvimento do surf.
Destaca-se como prioridade a necessidade de soluções que permitam a recuperação dos fundos para viabilizar a onda do Cabedelo, reconhecidas as condições ímpares daquele local para o desenvolvimento do surf, que pela conjugação de factores naturais e construídos, destacam o lugar como o mais consistente e regular da região.
2. Infra-estruturas de apoio
Na melhoria de condições para a o desenvolvimento do associativismo, formação e treino de competição, destacamos a necessidade de instalações próprias para os desportos de ondas (surf, bodyborad, kayak e kite) bem como de instalações complementares de treino e formação: ginásio, relaxe e massagens, sala polivalente para reuniões e visionamento de filmagens... O treino de piscina deverá usar os equipamentos existentes na cidade.
Neste quadro, defendemos como princípio norteador o re-aproveitamento de infra-estruturas existente contra a nova construção, e a partilha de instalações contra a exclusividade de uso, porque pugnamos por atitudes sustentáveis e acreditamos nas vantagens da boa articulação entre as diferentes modalidades.
Julgamos que a disponibilidade de edifícios e espaços devolutos na proximidade do lugar com maior carácter evocativo dos desportos de ondas, o cabedelo, conforma o conjunto de condições mais favorável. Assim propomos o aprofundamento da viabilidade de cedência das casas devolutas junto ao parque de campismo para as sedes das várias modalidades e do hangar abandonado junto à Escola de Surf para as infra-estruturas de apoio com uso partilhado.
3. Equipamento específico
Para além do equipamento necessário ao bom funcionamento das infra-estruturas acessórias, na melhoria de condições para a prática desportiva, destacamos a necessidade de apoio com motos de água para acesso às ondas de Buarcos em condições particulares de ondulação quando o acesso se torna particularmente difícil. O aproveitamento das características espaciais únicas do cabedelo para instalar um sistema de iluminação que permita o alargamento horário da prática da modalidade à semelhança de tantos outros desportos de exterior.
4. Equipamento não específico.
Duches e instalações sanitárias de apoio às praias com acesso para além da época balnear que possam servir a população em geral, mas também os praticantes de desportos de ondas. Serviços de limpeza e manutenção também para além da época balnear.
5. Outras infra-estruturas acessórias
A extensão de costa e a alternância das condições de surf obriga à deslocação permanente dos praticantes, agravando sobretudo as condições de apoio à formação. A possibilidade de extensões de apoio em locais estratégicos pode ser uma mais valia desde que devidamente estruturadas com funcionamento em rede. Nesta circunstância, defendemos também a partilha de instalações pelas diferentes modalidades e o princípio do reaproveitamento de estruturas existentes contra a possibilidade de nova construção, evitando sempre a ocupação de solo na praia.
NOTA FINAL - Conscientes da importância do Mar na estratégia para o desenvolvimento da cidade estamos convictos que o valor do surf está muito além da sua dimensão estritamente desportiva: desde o empreendedorismo até ao branding territorial. Acreditamos na importância da criação de uma incubadora de indústrias e criativos na esfera do surf associada às infra-estruturas de apoio descritas no ponto 1 - projecto iSurf. Defendemos um envolvimento mais activo na salvaguarda e valorização do conjunto patrimonial inscrito na candidatura do Cabo Mondego a Reserva Mundial de Surf.
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