Fomos ao Concurso Público de Concepção (Ideias) para a Requalificação e Reordenamento da Praia e Frente de Mar da Figueira da Foz e Buarcos para dizer: o rei vai nu... E mesmo a desafiar os termos de referência que encerravam uma ideia pré-feita para o lugar, fomos distinguidos com duas propostas. Explicámos que o conceito de sustentabilidade não pode ser invocado sem aferir a consequência que a retenção da areia a norte faz ao sul, e que é o mar o principal elemento natural naquele lugar. Explicámos, e temos insistido, que renaturalizar este lugar obriga à devolução da areia ao mar. Aprofundámos o conhecimento nestes domínios da dinâmica sedimentar e expusemos soluções para o reequilíbrio dos sistemas costeiros, a norte e a sul do Mondego. Defendemos e continuamos a defender o regresso do MAR À CIDADE num processo de transformação dinâmico do território que integra o mar como solução, contrariando o paradigma vigente que insiste em lhe virar as costas. Porque é que o fizemos? Porque alguém tinha que o fazer e coube-nos a nós assumir essa responsabilidade, pelo conhecimento que temos com largos anos de experiência de mar.
É natural que o gabinete de arquitectos de Aveiro, como a maior parte se não a totalidade dos concorrentes, tenha representado mal a praia. Falharam porque acreditam que a vontade do homem adornada pelo virtuosismo do arquitecto pode vencer o mar. E acreditam nisso porque não o conhecem. A imagem produzida pelo gabinete de arquitectos de Aveiro torna manifesto esse erro, porque a praia representada é a que se estabilizou antes do prolongamento dos molhes do Porto Comercial e não aquela que temos hoje, ou menos ainda a que teremos no futuro quando for atingido o limite da saturação. O imenso outdoor, deliberadamente instalado à frente da praia que ainda não parou de crescer, já não consegue esconder a verdadeira dimensão desta calamidade... segue nu, o rei.
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