O PSD exigiu hoje ao Governo que estude com
urgência as alternativas de transposição de areias na barra do rio
Mondego, na Figueira da Foz.
Em declarações à agência Lusa, no final de uma visita de deputados do
PSD eleitos pelo círculo de Coimbra e dirigentes locais
social-democratas à praia do Cabedelo, na margem esquerda do Mondego, o
deputado Maurício Marques disse não compreender a demora na realização
do estudo, assumido pelo Ministério do Ambiente para decorrer no
primeiro ano de vigência do novo Programa da Orla Costeira (POC) Ovar -
Marinha Grande, que ainda não está em vigor.
"Esse prazo devia ser encurtado. Aliás, este estudo até deveria ter sido
ser feito antes do POC, porque, se este projeto tiver viabilidade,
provavelmente terá implicações no POC", argumentou Maurício Marques.
Na ocasião, o deputado do PSD enalteceu a ação cívica do movimento de
cidadãos SOS Cabedelo, que defende como solução a instalação de um
‘bypass' de inertes entre as margens (através de uma tubagem por debaixo
do leito do rio), junto à foz.
Maurício Marques lembrou que o SOS Cabedelo "levou à classe política no
seu todo, sem qualquer partidarismo, uma solução para o problema" - numa
alusão à audiência do movimento na comissão parlamentar de Ambiente e
Ordenamento do Território - frisando que em causa, estão três questões,
uma delas a deposição "enorme" de areia a norte do molhe norte do
Mondego "que está a descaraterizar totalmente a Figueira da Foz".
"A distância de conforto até à água é de 250 metros e aqui temos quase
um quilómetro", frisou o deputado do PSD, aludindo àquele que é
considerado como o maior areal urbano da Europa.
A acumulação de areia a norte do molhe do porto comercial e em redor da
infraestrutura portuária, por ação daquela barreira física, incide ainda
sobre a segurança da navegação na barra do Mondego mas também sobre a
falta de areia nas praias a sul, repetidamente afetadas por fenómenos de
erosão "com danos enormes", avisou Maurício Marques.
O deputado do PSD afirmou que a solução do ‘bypass' de areias poderá
resolver "todas" as três questões enunciadas e incrementar a prática de
surf nas praias a sul do rio, criando melhor condições à modalidade,
pela deposição de areias: "Nós hoje temos de olhar para o surf como uma
das potencialidades do país, é uma modalidade que tem crescido a nível
nacional", observou.
Na sequência dos trabalhos daquela comissão parlamentar, foram aprovados
no parlamento dois projetos de resolução - um do PSD e outro do Bloco
de Esquerda - recomendando ao Governo o estudo de alternativas de
transposição de areias na Figueira da Foz, mas um dos pontos do projeto
social-democrata (a realização de um estudo no primeiro semestre de 2017
com verificação de casos análogos) teve o voto contra dos deputados do
PS, posição quer o deputado do PSD disse estranhar.
"O que estamos a pedir ao Governo é que se estude com urgência esta
matéria. Verifique casos análogos pelo mundo fora, que estão a funcionar
e se analise a hipótese de um projeto análogo, aqui", argumentou
Maurício Marques.
Já Miguel Figueira, do SOS Cabedelo, alegou que o movimento de cidadãos
partilhou com os deputados da comissão de Ambiente as suas reflexões
sobre o problema da Figueira da Foz e foi "muito bem recebido".
"Muitas vezes queixamo-nos que os políticos estão longe e não estão por
dentro das matérias, que há essa distância entre o terreno e a casa da
Democracia, mas a verdade é que quando lá chegámos também nos
questionámos porque não fomos mais cedo, porque esse também é o nosso
trabalho, é um dever constitucional ajudar o Estado nas soluções para a
proteção do nosso território", alegou.
Miguel Figueira destacou que, após a deslocação do SOS Cabedelo à AR,
houve propostas levadas a votação ao plenário [os projetos de resolução]
que denotam "que há pessoas incomodadas com esta situação, que é uma
situação de urgência que não está a ter uma resposta urgente".
"Há aqui velocidades que não são admissíveis quando estão em causa a
perda do território, perdas de vidas humanas na questão da barra ou uma
cidade que vê cada vez mais deteriorada a sua relação primordial com o
mar. O Governo não tem de esperar pelo POC para fazer isto [o estudo],
há uma série de estudos e projetos que estão a ser feitos para a costa,
não podemos parar o país à espera do POC, temos de agir", defendeu
Miguel Figueira.
in Agência Lusa
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