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Ontem, 19.09.2009, realizou-se na Figueira da Foz uma acção pública (concentração de duzentos e tal surfistas, para bater o recorde até agora existente em Portugal) promovida pelo "Movimento SOS Cabedelo", um movimento cívico, independente e apartidário, que está a ser organizado pelos surfistas locais e por outras pessoas interessadas na preservação e no desenvolvimento ambiental, económico e turístico da cidade.
Esse movimento cívico (que, na semana anterior, havia contactado também o Centro de Estudos do Mar-CEMAR, no âmbito da sensibilização que está a fazer para a sua luta) é motivado pelo facto de agora se estar a tomar consciência de que as obras em curso, de aumento em mais quatrocentos (400) metros (!) do molhe norte do porto da Figueira, ESTÃO A DESTRUIR (ou destruíram já... neste momento...!) a célebre onda do Cabedelo... a onda ao sul da foz do rio, num local que era um dos mais conhecidos e míticos "points" do surf em Portugal... Um local onde se iniciaram neste desporto várias gerações de surfistas locais e nacionais... e um local bem conhecido internacionalmente... e que, por isso, em vez de ter sido destruído, poderia ter sido aproveitado para nele ter sido instalada com regularidade qualquer espécie de "surfódromo" que propiciasse à cidade e à sua economia o mesmo tipo de resultados, turístico-culturais, e de identidade local, que têm sido cultivados por exemplo por Biarritz em França, ou por Peniche no nosso país.
Não querendo deixar de estar presente numa ocasião como esta (em mais este momento marcante do processo da destruição ambiental que, infelizmente, está em curso na Foz do Mondego...), o director do Centro de Estudos do Mar, Alfredo Pinheiro Marques, foi buscar a sua prancha e o seu fato, respectivamente ao mostruário e ao baú... (para, assim, matar saudades dessa antiga actividade desportiva em que nunca foi propriamente o que se possa chamar de muito competente, mas em que teve imenso prazer e que sempre considerou, e continua a considerar, como uma fascinante e bela actividade, uma das melhores que neste mundo se pode imaginar ou praticar, e digna de todo o apoio e reconhecimento).
E assim o responsável do CEMAR fez questão de marcar presença... (e só se confrontou com dois pequenos problemas... quando percebeu que já tinha alguma dificuldade em conseguir caber dentro do seu próprio fato isotérmico, que já não vestia há mais de vinte anos... e pelos amigos da organização do evento foi proibido de voltar a meter a sua prancha na água... para não a estragar... e, em vez disso, foi intimado a facultar essa sua prancha -- uma modelo WB - Wayne Bartholomew... autêntica... de c.1976... -- para um futuro Museu do Surf na Figueira da Foz...).
Este evento, que teve lugar na Figueira da Foz, não foi, como é fácil de perceber (e pelas razões que são fáceis de perceber...), objecto de grande cobertura mediática e jornalística... pois, na verdade, assim (e também nesta matéria um pouco mais lateral que é a da actividade desportiva e turística do surf), se está a revelar um aspecto mais (a juntar a todos os outros aspectos...!) do crime ambiental, de monumentais proporções, que está neste momento em curso na cidade da foz do Mondego.
É que a morte desta onda, junto ao molhe sul, está muito longe de ser o mais grave de tudo. Infelizmente, o que vai acontecer, dia após dia, à medida que as gruas avançarem, é bem pior.
Sobre este crime ambiental -- que vai significar o aumento do afastamento do mar de uma cidade que dele já está tão afastada... a erosão ainda muitíssimo maior e mais catastrófica dos litorais a sul... a ocorrência de tragédias para as embarcações pequenas na entrada da nova barra virada a sudoeste (com o mar de través...!)... e tudo isso em troca de nada...! (a continuação da agonia de um porto, simplesmente fluvial, que não é digno desse nome...) -- já em devido tempo foi tomada posição, desde há muitos anos, quer pelo director do CEMAR, quer pelo autor Manuel Luís Pata editado pelo CEMAR e especializado na história marítima figueirense (que denunciou os erros na "Praia da Calamidade"...) e por muitíssimos poucos mais...
Agora, só se pode lamentar que os círculos responsáveis da cidade tenham teimado em fazer mesmo essa obra errada (e a ela tenham acabado por conseguir convencer a administração central do Estado português).
Assim sendo, um dia, o mínimo que poderão (ou deverão) fazer (se ainda houver dinheiro...) deverá ser construir para os surfistas do Futuro o "surfódromo" que eles reivindiquem, com os recifes e os bancos de areia longitudinais, artificialmente alimentados, que venham a servir também, ao mesmo tempo, para proteger a actual linha da costa da dramática erosão que ali vai acontecer... e assim minorar a catástrofe que vai acontecer nas praias do sul quando o mar começar a entrar... e ameaçar as casas dos pescadores na Cova - Gala (São Pedro), em Lavos, etc....
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